sábado, 29 de abril de 2017





O TRISTE CANTO DA SOLIDÃO

Deambulando na tarde gris,
Enfrentava a minha solidão.
Era um cantar de ave tristonho.
Esse eco que entoava.
Meus olhos vidrados de lágrimas.
Seguravam-nas,
Porque caminhar na solidão faz crescer sede nos lábios.
Faz com que o vento despenteie as pétalas do sorriso triste que ostentamos.

Procuro olhares límpidos.
Olhares onde more a pureza de repartir sem nada receber.
Vejo-os sim!
Nos idosos cansados que tudo deram na vida por amor.
Hoje têm ainda um coração que ri ao acordar.
Aceitam o convite do dia claro.
Fazem-se pássaros leves, degustando alegria de poder contemplar a vida.

Cruzo meu olhar com o riscar de asas.
O cantar melodioso das aves.
Bebo a taça pura do riso das crianças.
Como quem comunga o corpo de cristo.
Tudo isto dentro do caminho da minha solidão.

Que esperar dos outros?
Palavra de alma, eco de sorriso.
Umas tantas palavras de reconhecimento
Pelo carinho que nos ofertam.
Sim é verdade.
Há quem generosamente dê de coração.
Aquilo que tem para dar.
O que colhe nas tardes gris, no roteiro da solidão.
Faz isso de coração.
O que se dá de coração.
Sempre se multiplica.


Augusta Mar.



Foto: https://www.pinterest.pt/cinafraga/