Os Brilhantes
Não ha mulher mais pallida e mais fria,
E o seu olhar azul vago e sereno
Faz como o effeito d'um luar ameno
Na sua tez que é morbida e macia.
Como Levana ... esta mulher sombria
Traz a Morte cruel ao seu aceno,
O Suicidio e a Dôr!... Lembra do Rheno
Um conto, á luz crepuscular do dia.
Por isso eu nunca invejo os seus amantes!
- E em quanto hontem, gabavam seus brilhantes,
No theatro, com vistas fascinadas...
Tortura das visões... incomprehensiveis!
Em vez d'elles, cri ver brilhar - horriveis
E verdadeiras lagrimas geladas!
António Gomes Leal, poeta português (1848- 1921)
in 'Claridades do Sul'
Fonte do poema: http://www.citador.pt/
Foto: https://www.pinterest.pt/cinafraga/