quarta-feira, 18 de março de 2020


Pedro Barroso: Calou-se para sempre o artesão das canções
O músico que, mais do que letras,  escrevia poemas






Cmpanheira

     
 
Deixei pousar minha boca em tua fronte
toquei-te a pele como se fosses água
escorreguei em teu ventre como o vento
e atravessei-te em mim como se fosse farpa
    
Deixei crescer esta vontade devagar
deixei crescer no peito um infinito
ai eu morri de morte lenta no desejo
em cada beijo abafei um grito
 
Quando desfolho o livro velho da memória
sinto que o tempo passado à tua beira
é um espaço bom que há na minha história
e foi bonito ter dito companheira
         
Inventei mil paisagens no teu peito
e rebentei de loucura e fantasia
quando me olhavas devagar com esse geito
eu descobri tanta coisa que não via
   

Havia em ti uma forma grande de incerteza
que conseguias converter em alegria
havia em ti um mar salgado de beleza
que me faz sentir saudades em cada dia
   
Quando desfolho o livro velho da memória
sinto que o tempo passado à tua beira
é um espaço bom que há na minha história
e foi bonito ter dito companheira



Pedro Barroso