sábado, 19 de novembro de 2022






 

 

Velhas Árvores

 

Olha estas velhas árvores, mais belas

Do que as árvores moças, mais amigas,

Tanto mais belas quanto mais antigas,

Vencedoras da idade e das procelas...

O homem, a fera e o inseto, à sombra delas

Vivem, livres da fome e de fadigas:

E em seus galhos abrigam-se as cantigas

E os amores das aves tagarelas.

Não choremos, amigo, a mocidade!

Envelheçamos rindo. Envelheçamos

Como as árvores fortes envelhecem,

Na glória de alegria e da bondade,

Agasalhando os pássaros nos ramos,

Dando sombra e consolo aos que padecem!

 

Olavo Bilac

 

 

 

Art Print by Peter Holme III

 

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

 

 

 


 

Nesta esquina do tempo é que te encontro,

Ó nocturna ribeira de águas vivas

Onde os lírios abertos adormecem

A mordência das horas corrosivas

 

Entre as margens dos braços navegando

Os olhos nas estrelas do teu peito,

Dobro a esquina do tempo que ressurge

Da corrente do corpo em que me deito

 

Na secreta matriz que te modela,

Um peixe de cristal solta delírios

E como um outro sol paira, brilhando,

Sobre as águas, as margens e os lírios

 

 

José Saramago, 

em “Os Poemas Possíveis”. 3ª ed., Lisboa: Editorial Caminho, 1981.

 

 

Jose Saramago (poeta, escritor, jornalista e dramaturgo), nasceu em 16 de Novembro de 1922, em Azinhaga/Portugal – faleceu em 18 de Junho de 2010, em Lanzarote, Ilhas Canárias/Espanha. Nobel de Literatura 1998.

 

 

 

 

 

domingo, 13 de novembro de 2022

 

 

 


 

 

Arriba canta el pájaro

 

Y abajo canta el agua.

 (Arriba y abajo,

Se me abre el alma).

 ¡Entre dos melodías,

 

La columna de plata!

Hoja, pájaro, estrella;

 Baja flor, raíz, agua.

 ¡Entre dos conmociones,

 

La columna de plata!

 (¡Y tú, tronco ideal,

 Entre mi alma y mi alma!)

Mece a la estrella el trino,

La onda a la flor baja.

 

(Abajo y arriba,

Me tiembla el alma).

 

 

Juan Ramón Jiménez