segunda-feira, 8 de maio de 2017




Sou ferida aguda em brasa, e ardo
atormenta-me a luz, e o orvalho,
é a ti que quero, por ti eu vim,
desejo mais tormentos: a ti quero.

Flameje, branqueada, a tua chama:
os beijos doem, doem os desejos,
és o meu tormento, minha geena
eu quero-te muito, quero-te muito!

Desejo rasgou-me, beijo fez sangue,
sou ferida em brasa fome de tormentos
novos, dá-mos, a este esfomeado:
sou ferida, beija-me, queima-me, queima-me.

Ady Endre

(Hungria 1877-1919)


Foto: https://www.pinterest.pt/cinafraga/