Sou ferida aguda em brasa, e ardo
atormenta-me a luz, e o orvalho,
é a ti que quero, por ti eu vim,
desejo mais tormentos: a ti quero.
Flameje, branqueada, a tua chama:
os beijos doem, doem os desejos,
és o meu tormento, minha geena
eu quero-te muito, quero-te muito!
Desejo rasgou-me, beijo fez sangue,
sou ferida em brasa fome de tormentos
novos, dá-mos, a este esfomeado:
sou ferida, beija-me, queima-me, queima-me.
Ady Endre
(Hungria 1877-1919)
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