Sou
Sou suave e triste se idolatro, posso
Abaixar o céu até minha mão quando
A alma do outro à alma minha enredo.
Pena alguma não acharás mais branda.
Nenhuma como eu as mãos beija,
Nem se acomoda tanto em um sonho,
Nem convém outro corpo, assim pequeno,
Uma alma humana de maior ternura.
Morro sobre os olhos, se os sinto
Como pássaros vivos, um momento
Voar baixo meus dedos brancos.
Sei a frase que encanta e que compreende,
Sei calar quando a lua ascende
Enorme e vermelha sobre os barrancos.
Alfonsina Storni, poetisa argentina (1892-1938).