Soneto quase insistente numa noite de Serenatas
Queria uma mulher de sangue e prata.
Qualquer mulher. Uma mulher qualquer,
quando nas noites de primavera
se ouve distante uma serenata.
Essa música é alma. E mesmo não fosse
verdade tanta mentira seria bom
saber que sua voz sempre retrata
o coração de uma mulher qualquer.
Quero querer com música. E quero
que me queiram com tom verdadeiro
Quase em azul e quase eternamente.
Será porque esse ritmo me arrebata,
ou talvez porque ouvindo serenatas
dói-me o Coração musicalmente.
Gabriel García Márquez
1945