Nova Era
(é um poema de amor )
Não! Não sei se sei, amar ainda.
Depois do caminho das quedas
Deste decair, que o tempo pesa!
Não sei, se sei amar.
Há uma certa incerteza no beijar
Olhar, ver esse rosto vincado
Ler nele o poema que me é dado.
Tenho de ser amorosa, perspicaz
Para ler a curvatura, que a vida teima dar-me.
A esse vulto tão esguio, modelado pelo suor e pelos gestos
consumidos.
Ler! certeza ter, que te foste inclinando
Para proteger aquela com quem partilhavas teu prazer.
O tempo corre, leva-nos atrás.
O espírito engelha, o riso quebra
Ferem os estilhaços a retina
Ai! Aqueles olhos claros de esperança
Aquele rir tão de menina.
Olho-te, procuro em ti a chave de tu’alma.
Só a dos segredos se me oferece
Ofertas-me os lábios como dantes
Tens nos dedos mel suave
A febril ânsia da vontade
A lonjura do tempo gravou em nós cansaços.
Perdemo-nos no sublime encontro de amar…
Mas neste amar maduro
Já não sei amar-te como antes.
Augusta Maria Gonçalves de Carvalho
16/04/2020.