quinta-feira, 22 de agosto de 2019





Nossa estirpe latina é rainha
entre as grandes estirpes do mundo;
em sua fronte uma estrela divina
brilha eterna no tempo profundo.
Seu destino adiante é o guia
e à vanguarda seus passos conduz.
Sempre à frente, com mais galhardia,
ela esparge ao redor sua luz.

É uma deusa a estirpe latina,
de fascínio e de encanto mais doce;
o estrangeiro, à sua frente, se inclina,
à sua voz todo o mundo curvou-se.
Tão formosa, tão viva e ridente,
sob um céu que ares tíbios desfralda,
ela espelha-se ao sol resplendente
e se banha num mar de esmeralda.

Nossa estirpe latina faz parte
dos tesouros das terras louçãs;
de bom grado, ela os doa e reparte
com as suas diletas irmãs.
Mas terrível se faz, quando um dia,
o seu braço é furor libertário
e golpeia a cruel tirania
em defesa do seu corolário.

Quando, enfim, no Juízo Final,
frente a Deus, se lhe for perguntado:
Qual missão foi o teu ideal
na existência terrena? Eis o brado
da estirpe latina, alto e forte:
Ó Senhor, quantos mundos andei
ante os olhos da vida e da morte,
a Ti, sempre, Te representei!


Vasile Alecsandri

 poeta, político e diplomata romeno (1821-1890).



Tradução de Luciano Maia