As nossas Ânsias
Para as estrelas vão as nossas ânsias;
Todas as ânsias que na Dor sentimos...
São aves que se perdem nas distâncias;
E, nas asas dos sonhos, as seguiram.
E lá, mais delicadas que fragrâncias
Dos liriais que no caminho vimos,
Todas elas, vestidas de flamâncias,
São as árias da luz, que no ar ouvimos.
Mas as ânsias que vão, serenamente,
Para as estrelas, e por lá, na albente
Doçura casta das estrelas ficam.
São, com certeza, aquelas que, no mundo,
Neste sinistro báratro profudo,
Nos cadinhos do amor se purificam
Juvêncio de Araújo Figueiredo 1865/1927
Versos Antigos, 1966
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