terça-feira, 4 de julho de 2017




II
Ó se o recordo, e bem! numa invernia brava,
O ríspido e glacial Dezembro decorria
E, da lareira ao chão, cada brasa lançava
O supremo fulgor da sua lenta agonia.
E eu a esperar, em vão, a aurora que tardava
Queria, em vão, achar nessa velha teoria
Contida no volume antigo que estudava,
Um consolo sequer à dor que me pungia.
Em vão! consolo, em vão! à minha dor profunda
Em vão! repouso, em vão! à alma que se me inunda
Desta imortal saudade aos prantos imortais.
Porque jamais se esquece, alma consoladora
Como essa que nos céus é chamada Eleonora,
Nome que nunca mais ouvirei, nunca mais!

Emílio de Meneses

Fot: https://www.pinterest.pt/cinafraga/