Dias
Prole do Tempo, Dias hipocríticos,
Tampados, mudos, dervixes descalços,
Seguindo sós em fila sem mais fim,
Com diademas e adornos nas mãos.
Oferecem regalos para todos,
Pão, reinos, astros e céu que os sustém.
Eu, em meu jardim curvo, olhava a pompa,
Esquecia os desejos matinais,
Na pressa, peguei ervas e maçãs,
E saiu e voltou, silente, o dia.
Vi tarde, em seu solene aro, o desdém.
Ralph Waldo Emerson, escritor, filósofo e poeta estadunidense (1803-1882).
(do livro “Grandes poetas da língua inglesa do século XIX”, organização e tradução: José Lino Grünewald, Editora Nova Fronteira)