domingo, 24 de maio de 2020
sábado, 23 de maio de 2020
Ode do poeta Horácio
A neve espessa já pesa nos píncaros,
A mata mal suporta o fardo branco:
Gelam os
ribeirões,
Paralisam-se os córregos.
Ó Taliarca do festim, apague o frio
Com as achas no fogão. Pródigo, verse
De uma ânfora sabina de duas ansas
Um vinho
de quatro anos!
O resto, amigo, entregue aos deuses. Mal
Morram os ventos guerreiros no mar,
Não
chacoalhem ciprestes,
Nem
cabeceiem freixos,
Não queiram saber nada do amanhã:
Credite à sua conta o dia de hoje.
Não se esquive, menino, dos namoros
E nem das
contradanças;
Bem longe os anos velhos, aproveite,
Antes da idade trôpega e grisalha,
Dos risos
abafados
Nos cantos
escondidos,
Quando o dia se vai, da namorada,
E roube dela anéis e braceletes
De amor, depois de uns queixumes, após
Alguma
resistência.
Tradução: Décio Pignatari
sexta-feira, 22 de maio de 2020
sábado, 2 de maio de 2020
(Sem Título)
És como doce juriti da mata,
Ligeira, esquiva, tímida e medrosa:
Foges de mim tremente e suspirosa,
Como quem de um perigo se recata.
Mas não sei, afinal, criança ingrata,
Porque foges: não sei porque amorosas
Tua alma casta, angélica e bondosa,
Com tão doce esquivança me maltrata.
Abre as asas à luz serenamente
E vem fugindo aos gelos do deserto
Buscar o sol do meu amor ardente.
Dirige para mim teu voto incerto,
Pois tens meu coração, pomba inocente,
Como um tépido ninho sempre aberto.
Adelino Fontoura,
poeta, jornalista e ator brasileiro
(1859-1884).
(Publicado originalmente em O Álbum, Rio de Janeiro, n. 40,
de setembro de 1983, com o título de "O Ninho".
quinta-feira, 30 de abril de 2020
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