domingo, 3 de outubro de 2021

 

 


 

 

Disse-te um dia 

que havia de dar-te uma estrela

 tão real como os sonhos 

do rio Guadalquivir

e o perfume adolescente 

do teu corpo 

a ondular na aurora de Sevilha 

Não foste comigo a Barcelona 

ver as pesadas corolas 

e os mosaicos de La Pedrera 

mas espera-me no aeroporto 

de nunca antes

o rumor febril dos teu olhos

 onde aprendi 

que o tempo não existe 

Mas a vida pode ser 

também mágoa escura

 bem sabes 

Por isso te prendo

as mãos sobre as ancas 

para não fugirmos mais um do outro 

e bebo todo o sol e afinal o tempo 

nos teus lábios. 

 

 Urbano Tavares Rodrigues,

 

 in "Horas de Vidro"