quinta-feira, 26 de julho de 2018




Um dia voltarei

qual pássaro marítimo,
numa tarde bem mansa
à hora do sol posto.
Então, loura criança,
Ouvirás o meu ritmo
e me perguntarás:
quem és tu, pobre ser?
Mas, eu vim de tão longe
e tão azul de rosto
que não me podes ver.
 A graça de quem mora
no país da ausência
certo consiste nisto:
ficar azul de rosto
pra não poder ser visto.

Cassiano Ricardo (1895- 1974).




Foto: https://www.pinterest.pt/cinafraga/