segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018





Esquecimento

Se queres inda ver como escondida
Guardo no peito a tua imagem pura,
Imagem que no céu da minha vida
É como um sol ardente que fulgura;

Convida o coração na sepultura
A viver e pulsar por ti; convida
Minh'alma para amar de novo; cura
A, que lhe abriste, cáustica ferida...

Só pedira a paixão com que me iludo
Que um raio apenas d'essa luz me desses,
E uma palavra do teu lábio mudo;

Mas nem ouves, sequer, as minhas preces;
E enquanto, para amar-te, esqueço tudo,
Tu, por um nada, o meu amor esqueces.




Osório Duque-Estrada, 
poeta, crítico literário e teatrólogo brasileiro 1870/1927



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