quarta-feira, 22 de novembro de 2017





Amargo acorde

Ou mesmo ao meio-dia de um outubro
De harmônicas colinas
Em meio a densas nuvens descedentes
Os cavalos dos Dióscuros,
Perante cujas patas
Eis um menino extático,
Sobre as ondas andavam
(Por um amargo acorde recordado
À sombra de bananas
E gigantes errantes
Tartarugas nos blocos
Da enorme água impassível:
Sob outra ordem de astros
Entre incomuns gaivotas)
Eu voo até a planície onde o menino
Revirando a areia,
Pelo fulgor dos raios inflamada
A transparência dos queridos dedos
Banhados pela chuva contra o vento,
Apreendia os elementos todos.
Mas a morte é incolor e sem sentido
E como sempre, desatenta às leis,
Já o tocava
Com dentes impudicos.

Jalaluddin Rumi,
tradução de Bernardo Brandão, via Coleman Barks



Via: https://escamandro.wordpress.com/

Foto: Foto: https://www.pinterest.pt/cinafraga/