A MORTE DA ROSA
Morreu de mau cheiro.
Rosa igual, exata.
Subsistiu à sua beleza,
Sucumbiu à sua fragrância.
Não teve nome: talvez
lhe chamassem Rosaura,
Ou Rosa-fina, ou Rosa
do amor, ou Rosalva;
ou simplesmente Rosa,
como se chama a água.
Mais lhe valeria
ser sempre-viva, Dália,
pensamento com lua
como um ramo de acácia.
Mas ela será eterna:
foi rosa; e isso basta;
Deus a gurde em seu reino
à margem direita do alvorecer.
Gabriel García Márquez
1945
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