sábado, 15 de julho de 2017



Ária dos olhos

Mágoas de além
De olhos de quem
Pede esmolas:
Gemidos e ais
Das autunais
Barcarolas:

Cisnes em bando
Sonambulando
Sobre o mar:
Nuvens de incenso
No céu imenso,
Todo luar:

Olhos sutis,
Ah! que me diz
O olhar santo,
Que sobre mim
Volveis assim
Tanto e tanto?

E que esperança
Nessa romança
Cheia de ais,
Olhos nevoentos,
Noites e ventos
Autunais!


– Alphonsus de Guimaraens, (Dona Mística ‘1899’), 
em “Obra completa”. [organização Alphonsus de Guimaraens Filho]. 
Biblioteca luso-brasileira – Série brasileira, 20. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1960.


Foto: https://www.pinterest.pt/cinafraga/