sábado, 17 de setembro de 2022
terça-feira, 5 de julho de 2022
Confidência
Diz o meu nome
Pronuncia-o
Como se as sílabas te queimassem os lábios
Sopra-o com a suavidade
De uma confidência
Para que o escuro apeteça
Para que se desatem os teus cabelos
Para que aconteça
Porque eu cresço para ti
Sou eu dentro de ti
Que bebe a última gota
E te conduzo a um lugar
Sem tempo nem contorno
Porque apenas para os teus olhos
Sou gesto e cor
E dentro de ti
Me recolho ferido
Exausto dos combates
Em que a mim próprio me venci
Porque a minha mão infatigável
Procura o interior e o avesso
Da aparência
Porque o tempo em que vivo
Morre de ser ontem
Ee é urgente inventar
Outra maneira de navegar
Outro rumo outro pulsar
Para dar esperança aos portos
Que aguardam pensativos
No húmido centro da noite
Diz o meu nome
Como se eu te fosse estranho
Como se fosse intruso
Para que eu mesmo me desconheça
E sobressalta-me
quando suavemente
pronunciares o meu nome.
Mia Couto, escritor e biólogo moçambicano. (1955)
Serge Marshennikov - Artist
segunda-feira, 4 de julho de 2022
sexta-feira, 1 de julho de 2022
sábado, 28 de maio de 2022
Homenagem a Carolina Beatriz Ângelo (1878 – 1911)
Carolina Beatriz Ângelo nasceu na Guarda, São Vicente, 16 de Abril de 1878 foi médica e feminista portuguesa.
Foi a primeira mulher cirurgiã e a primeira mulher a votar em Portugal, por ocasião das eleições da Assembleia Constituinte, em 1911.
O facto de ser viúva e de sustentar a sua filha Maria Emília Ângelo Barreto (1903-1981), permitiu-lhe invocar em tribunal o direito de ser considerada "chefe de família", tornando-se assim a primeira mulher a votar no país, nas eleições constituintes, a 28 de maio de 1911. Por forma a evitar que tal exemplo pudesse ser repetido, a lei do código eleitoral português foi alterada no ano seguinte, com a especificação de que apenas os chefes de família do sexo masculino poderiam exercer o seu direito de voto.
Carolina Beatriz Ângelo, inscrita com o número 2513 na freguesia de S. Jorge de Arroios.